Nesta segunda-feira (03), é celebrado nacionalmente um dos (as) profissionais mais antigos do mundo, o (a) taquígrafo (a). A atividade é fruto da necessidade de se registar rapidamente as manifestações orais, políticas e judiciais desde a Antiguidade Clássica. Na Assembleia Legislativa de Roraima, o setor de taquigrafia nasceu com a instituição, como relembra a taquígrafa Salete Soares, que exerce a função há 30 anos na Casa.
“O setor de taquigrafia foi instituído junto com a criação da Assembleia. Então nós estamos aqui desde 1991. Nós começamos com vinte taquígrafos, mas com o decorrer dos anos eles foram mudando de profissão e hoje nós temos oito taquígrafos efetivos”.
Além de ser responsável por registrar desde os grandes discursos até as pequenas pausas dos oradores, a taquígrafa explica a extensão e a importância do trabalho para o funcionamento do legislativo. “O papel do taquígrafo vai além dos apanhados taquigráficos. No plenário, fazemos a tradução e são confeccionadas duas atas, uma sucinta e uma na íntegra. Ambas são publicadas no diário oficial. Também damos suporte a algumas comissões, CPIs, por exemplo”.
Atuando nos bastidores do parlamento, esse profissional é a história viva de uma Assembleia Legislativa e por que não dizer do seu povo, como salienta o deputado Evangelista Siqueira (PT). “Pelas mãos dos taquígrafos passam literalmente o registro da história da Assembleia Legislativa e também por que não dizer da história de Roraima, pois através dos projetos de lei que passam por essa Casa são construídas diversas políticas públicas que têm interferência, impacto direto na vida do cidadão”.
Mercado e dicas
Com um mercado de trabalho praticamente restrito aos poderes (legislativo, executivo e judiciário), os concursos públicos ainda são a saída para quem quer se dedicar a essa arte de escrita milenar.
Para quem se interessou pela profissão, a dica da experiente Salete Soares é estudar para os certames com antecedência. “Então o importante na hora de fazer a prova é ter agilidade, pois não se pode começar a estudar para um concurso de taquigrafia no ano do concurso. Isso demanda um certo tempo, uma certa habilidade”, vaticina.
Ela ainda destaca a importância de um bom sistema auditivo e de que essa agilidade só vem com a prática exaustiva da técnica. “Você tem que ter um bom ouvido para escutar o que estão falando e ter a agilidade, e pra isso tem de pegar um texto e praticar muitas vezes: ouvir, escrever e traduzir”, finaliza.
Origem
Utilizando a taquigrafia – palavra do grego tachys = rápido e grafia = escrita –, um método de escrita de símbolos que privilegia os fonemas, ou seja, os sons de cada palavra, o taquígrafo é capaz de escrever na mesma velocidade da fala. Como cada idioma tem fonemas próprios, cada país precisou desenvolver um tipo diferente de taquigrafia.
No Brasil, a profissão foi introduzida oficialmente por José Bonifácio de Andrada e Silva – Patrono da Independência –, no parlamento brasileiro, em virtude da primeira Assembleia Constituinte, em 3 de maio de 1823. Não à toa, a classe escolheu a data como o seu dia nacional.
Texto: Suellen Rangel
Foto: Marley Lima
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